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Introdução à Filosofia Homeopática por Daniel Hoeltz.


Hahnemann - memorial em Leipizig


No texto Vida e Obra de Hahnemann (HOELTZ, 2010) verificamos que, em 1785, Hahnemann muda-se para Dresden onde se acentuava a insatisfação com a medicina conforme seu desabafo a um amigo por meio de uma carta: “era uma tortura para mim caminhar no escuro, quando tinha que tratar um paciente e receitar, segundo esta ou aquela hipótese médica, substâncias que só estavam incluídas na matéria médica em virtude desta ou daquela hipótese arbitrária...”. Tal desgosto tornou-se intransponível, quando, apesar de somados todos os esforços, Hahnemann não consegue evitar a morte de um amigo. Este fato pesou-lhe na reflexão e consciência impedindo-lhe o prosseguimento clínico-médico.

Aquela medicina era intangível as suas propostas. O amor e respeito ao próximo não se valiam de recursos seguros e indispensáveis para o ato médico e, em resposta, afasta-se da medicina e de seus pacientes em desabafo: “...renunciei à prática da medicina para não mais correr o risco de prejudicar as pessoas e me orientei exclusivamente para a química e trabalho de literatura (...) de agora em diante não vos enganarei mais com esta medicina mentirosa, nem pegarei vosso dinheiro”.

O poliglota volta às traduções, a exceção dos livros sobre medicina, pois já não suportava novas decepções conforme relatou: “... em torno de mim só encontro trevas e desertos, nenhum conforto para meu coração oprimido; oito anos de prática exercida com escrúpulo e cuidado fizeram-me conhecer a ausência do valor de métodos curativos ordinários. Não sei, em virtude de minha tristeza e experiência, o que se deve esperar dos conceitos dos grandes mestres”.

Assim, também evita a medicina teórica, até esgotarem-se as demais literaturas com o livro “Abelardo e Eloísa”, sua última tradução, até que em 1790 a própria providência levasse-lhe às mãos o livro “Matéria Médica” do Dr. William Cullen que lhe trouxe a indagação germinativa à sua nova ciência de curar.

Nesta obra, estavam expostos os absurdos da chamada Medicina Heróica (predominante na Europa e Estados Unidos entre 1780 e 1850) abominada por Hahnemann. Pois que Hahnemann inicia a tradução desta obra e verifica que Cullen recomendava o tratamento antiflogístico por meio de sangrias, purgativos e eméticos. A administração de calomelano (cloreto de mercúrio) era indiscriminada apregoando-se um tratamento comum para todas as doenças que deveriam ter uma origem em comum, em uma visão alopática, reducionista e materialista unicausal iniciada por Galeno e desenvolvida por outros para o tratamento das doenças que eram um “mal ou veneno” que deveria ser eliminado do organismo humano através da remoção por meio de sangue sugas, ventosas, ou venossecção. Não havia limites para sangria.

"Declarava-se que... era difícil matar um ser humano por sangria e... chegava-se aconselhar a retirada de 4/5 do sangue em certas condições; outros ensinavam que a sangria deveria ir até deixar a pele do paciente da cor de porcelana chinesa e até a inconsciência, para os casos de redução de fraturas ósseas (...) Além da sangria, os pacientes recebiam também purgativos e eméticos, pois que a diarréia e o vômito auxiliavam na eliminação das impurezas que tomariam o corpo. Ainda dentro desta linha era comum o emprego de vesiculação: substâncias fortemente irritantes que eram colocadas sobre a pele; o local da queimadura comumente se infectava e o pus resultante era considerado sinal de que as impurezas internas estavam sendo eliminadas " (PUSTIGLIONE, Marcelo. 17 “Lições de Homeopatia, 2000).

Em meio aos absurdos da Matéria Médica de Cullen, a mente reflexiva de Hahnemann encontrou algo inesperado e instigante frente ao que era apregoado - o impressionante poder curativo da quina no tratamento da malária justificado, única e exclusivamente, em virtude da quina ser uma substância amarga.

Matéria Médica de Wiliam Cullen

A incoerência entre a causa (gosto amargo) e o efeito (cura) foram os precursores à gênese da homeopatia por provocar um estudo aprofundado sobre eficácia terapêutica da China.

Pois, conhecedor do preceito hipocrático “Similia Similibus Curantur” (semelhantes curam semelhantes) Hahnemann conclui que só haveria um meio de avaliar e comprovar o efeito da quina e realiza o primeiro “Proving” de sua história por meio da auto-experimentação verificando os efeitos tóxicos da droga conforme podemos observar no registro de sua primeira experimentação.

Hipócrates

Para realizar a experiência, tomei duas vezes por dia, quatro dracmas de quina. Meus pés, as extremidades de meus dedos, etc. tornaram-se um tanto frias. Sentia-me fraco e sonolento; em seguida meu coração começou a ter palpitações e meu pulso se acelerou: senti uma intolerável ansiedade, tremores e um enfraquecimento de todos os meus membros. Depois latejos na cabeça, vermelhidão das faces, sede e, em suma, todos os sintomas que comumente são característicos da febre intermitente apareceram um após o outro contudo sem o tremor peculiar ao acesso pernicioso. Em resumo, mesmo esses sintomas que apareciam de maneira habitual e que são característicos como a obnubilação mental, a rigidez dos membros, mas, sobretudo essa sensação penosa de torpor que parecia situar-se no periósteo dos ossos de todo corpo. Tais paroxismos duravam cerca de duas a três horas e não se renovavam senão quando eu repetia a dose. Finalmente, parei de tomar a substância e voltei a ter saúde. (Hahnemann, 1810).

Após esta coleção de sintomas, realiza a mesma experimentação em amigos e familiares e confirma a Lei dos Semelhantes reconhecendo o poder farmacodinâmico das substâncias, posteriormente, descritos nos §§ 18,19, 20 e 21 de seu “O Organon da Arte de Curar” erguendo os três primeiros pilares da Homeopatia: 1- Similia Similibus Curentur, 2- Experimentação no Homem São, e 3- Remédio Único.

Percebendo a toxicidade da Quina possuía efeitos deletérios com elevados riscos à saúde, Hahnemann desenvolve o método de diluições e sucussões sucessivas denominado por ele como dinamização, conseguindo, assim, eliminar o efeito tóxico além de despertar propriedades farmacológicas desconhecidas nas doses ponderais . Ergue com isso o último e quarto pilar: 4- Doses Mínimas (ou Doses Infinitesimais).

Na sequência deste Breve Histórico do Surgimento da Filosofia Homeopática, trataremos com mais detalhes dos Quatro Pilares Fundamentais da Homeopatia.